Para falar de saudade
dispensa-se título. Não é necessário ser poeta, escritor,
compositor ou afim. A saudade nos dá credencial para entramos no
mundo da inspiração. É um sentimento doloroso, uma dor gostosa, um
sofrimento alegre, uma tortura íntima que gostamos de sofrer.
Para falar e escrever
sobre a saudade é preciso somente tê-la. E quem não tem?
Saudade de um lugar, de
uma pessoa, de algo. Alguns não se contém e choram quando são
pegos de supetão pelo vento repentino da saudade ao ver uma foto,
sentir o cheiro de perfume, ler um bilhete.
Tenha saudades. Sinta
falta de seus avós, sendo eles bons ou poucos desejados. Sofra pela
não presença de alguém que amou gratuitamente, como um filho, um
irmão ou mãe ou pai.
Chore de saudade por
alguém que já se foi e que nunca mais verás. Permita-se.
Sinta saudade das
surras de criança, das provocações escolares, das notas baixas, da
reprovação, da professora má. São sentimentos e momentos que me
fizeram ser que sou hoje.
Sentir saudades dos
momentos bons é o básico da vida.
Tempos bons não
voltam, não adianta insistir. Se voltassem você se esforçaria
demais para poder aproveitá-lo e talvez não se tornaria tão bom
assim.
Ah, que saudade que eu
tenho. Ah, que saudade que eu quero ter.