sexta-feira, outubro 17, 2014

Verdade falsa

Fui recepcionista de um escritório de advocacia aos meus 19 anos e uma das coisas que me deixava surpresa era como a preocupação por manter a postura de quase inacessível barrava a entrada de dinheiro para manter o próprio status.


- Boa tarde, senhora.
- Oi, boa tarde.
- Moça, queria ajuda pra tirar uma dúvida dos meus ‘direto’ de trabalho. Saí da empresa e acho que consigo algo.
- Só um momento, senhor.


No andar de cima ficavam duas salas onde trabalhavam três advogados. Na parte da frente do andar superior fica a sala do doutor Dranoel Praxedes. É isso mesmo, Dranoel. Uns já nascem com nome de advogado e delegado de polícia.
Voltemos a discrição, no médio do prédio, a esquerda, outra sala com mais dois advogados. Nesta ficava Mariana e Felipe. Todos jovens. O seo Praxedes tinha 30 anos e era o mais velho.


- Oi Mariana. Tem um cliente que quer uma consulta sobre direitos trabalhistas.
- Ele tá aí?
- Sim.
- Mas tu falou que eu tava livre.
- Não. Não comentei nada.
- Ai, que saco. Esse pessoal tem que ligar antes e agendar horário.
- Você pode atender?
- Posso, mas se ficar atendendo na hora que eles chegam daí perco a moral. Diz que já vou.
- Sim.

Mariana fez o senhorzinho esperar uns 15 minutos. Neste meio tempo ela ficou reclamando pra mim, no bate-papo da internet, que não podia ter feito aquilo. Tinha que ter marcado o horário em outro dia.